17 de junho de 2010

Perdi o bonde e a esperança

Carlos Drummond de Andrade

Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.

Ass.: Jovem Bordadeira

3 comentários:

  1. "Há uma beleza solidária nas bandas" (de coreto)

    Drummond

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  2. http://www.youtube.com/watch#!v=AqG7ItJ-CL0&feature=related

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  3. Ah...
    Quantos caminhos oferece o coração, não?
    Ladeiras solitárias,
    Paredes, muros,
    Solidárias mãos...

    Sempre é possível sobreviver à morte de um pensamento,
    Mas em se tratando de amor, quanto tormento
    É impossível viver a dor, mesmo de singelo momento

    Quantas faces tem nossa interna meduza?
    Quanto fel?
    Quanta ternura?
    Quanto ela nos usa?

    Tomemos o controle...
    Domemos o barco...
    Cantemos esses horrores...
    Nos entreguemos ao infarto...

    Se disso nada sobrar
    Estaremos bem
    Se ainda assim se amar
    Procure-se um alguém

    Para dessa solidão compartilhar
    Deixando o coração livre
    Sem chaves à porta de entrar

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